quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Caminhos



É a pedra primeira
É o riso que chora
É o conto verdade
em tristezas manhãs...

É o cativo solene de saudar madrugadas
No repente e asneiras
da morena saudade...

É a rima dos versos
é a farsa sem farsa
Na moda que encontra a cor mais faceira

É a voz derradeira que atrai como imã
travestida de medo
que invade e domina

É o tudo nos fatos
são os dias nos dias
fatias dos nadas das horas vazias
Como véu dos disfarces manchado de pó
Nas poeiras primeiras dos caminhos de um só...
George Arribas

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Mosaicos de Mim


Não sabia a minha alma os desviares
De uma lágrima molhada de desejo
De um beijo se despindo nos altares
De um brilho de paixão que tanto ensejo

Confusos quadros na memória vejo
Entrelaçando cada elo do destino
Como se fossem mosaicos de mim mesmo
Em permanentes miragens e desatinos...

Teu rosto invade os desenhos que protejo
Mas no peito acordam todos repentinos
Descortinando imagens que pelejo
Entre paredes e sonhos clandestinos...
George Arribas
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segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Juliana

Vem de ti e não de mim o verso que incendeia
Essa minha parte inquieta de ternua nua
Quem sabe a rua já não chora quando estás adiante
Já que a lua faz-se de cheia
Só pra namorar tua cor morena

E o próprio Deus te desenhou à leve pena...
Fez de teu nome a rima rica de quem ama
E fez nascer
A linda 'flor de Juliana'
Que desabrocha o eterno aroma do amor
George Arribas
(Reticências - 2004)
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domingo, 25 de janeiro de 2009

Caminhada

Caminhada de meu canto perturbado
Onde que dobras?
Onde que vais mais alinhada?
Dá-me ao menos uma idéia que a aventurança
Pois mais te perco
Quanto mais o tempo avança...

Desguarnecido já nem vejo o que desfecho
E o que espicho de tão mocho
Eu já não acho
És como os pássaros no meu canto caminhada
Cega-me o lume
Quando vais na revoada
George Arribas

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terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Mira

Mira a flor - é tanta paz
E tanto mais para dizer
O amor demais

Mira a dor e aponta o cais
Remonta audaz recolhe as velas
Vai dizer ...

Mira a dor é poeira
É marca rasteira
É vento arpoador

Mira a flor na ribeira
Marcando fronteira
Correndo o meu amor

Não diga que eu não me perdi
Não diga que me viu chorar
Não liga se eu já me esqueci
Não liga !

Não diga que não percebi
O dia que não quis chegar
Não liga seu eu não te segui
Não liga !
George Arribas
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Pulsação

Só em meu canto permaneço e abuso
Entre teu vulto, mais um gole de tristeza...
E embriago nesse sabor leve e confuso
a fantasia, a calma, a alma, o corpo - tudo !

E tudo é paz
Tudo é fim nesse meu palco
Onde enceno a cada hora
A cada tempo um novo ato

Esse é meu canto
Que abraça o mundo
Entre a forma de teu vulto
Como se fosse irreal a despedida!
George Arribas
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quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

O Tempo que Fosse

Esquadrinhasse o ralo que a tudo engole
Pervertendo o inverso que a vontade tira
Fincasse o impetuoso como ilustre e insole
Fitando impiedoso a incontrolável ira

E no açoite altivo ao que tudo arrasta
Empalecesse a luz da natureza que aduzira
Posto insensível ao palco que devasta
Madrasta mão que a razão subtraíra

Restasse forte ainda o gosto que não gasta
E revidasse a crua face que não vira
Ferira o corte com um basta que não basta
Com afoito grito que jamais se ouvira

Seguisse adiante a tenebrosa escarcha
Acovardando o que airosamente convalida
Sangrasse nua sua absurda marcha
Murchando surda, vaga, rouca e entorpecida
George Arribas
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quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Último Aceno


Misterioso encenar gigante
Alegre, triste e muito abstratamente
O cristalino como um garboso infante
Cristalizando imagens de um eternamente

E a mente incita, doce e amargamente
Sinais gestantes à parir destinos
Dançando danças como dançarinos
Lembranças minhas multiplicando acenos

Acenos vagos, insólitos, repentinos
Como varrendo minha alma afoitamente
Comoventes voam todos peregrinos
Com euforia e com letais venenos

Um turbilhão de acenos que se agita
Em movimentos quase semicirculares
Como avatares de chegadas e partidas
De mãos amigas - preciosas, singulares.

Nesses altares que o meu tempo paralisa
Faz o flagrante traduzir o nunca mais
Imagens que o mistério esteriliza
Onde os acenos se traduzem em muito mais

George Arribas

Infante Derradeiro


Na noite ele fez seu ninho,
e dele um estimado confidente.
Viu surgir de seu encanto um lindo canto,
e em seu silêncio abraçou-o tão sozinho.

 Ouvia-se o som de sua voz calada,
como toada de um amor infindo...
E na distância o seu olhar sorrindo,
partindo ao encontro de uma doce amada...

 Pôs-se a pensar no que fizera os anos,
em sua ingênua, em sua rasgada face...
Pensou no mundo como se o achasse lindo,
não o achasse findo e só o amor bastasse...
George Arribas
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sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Lia

E Lia ria pela estrada nua
Que se lhe abria como caminhada
E perseguia uma ensandecida lua
Que se movia como se fosse alada

E Lia ria como quem fugia
Da primazia de uma sorte errada
Que lhe valia uma envergonhada rua
Que lhe acolhia como se fosse amada

E Lia ria como lhe aprazia
Como quem sorria do que pranteava
Chorava Lia como lhe cabia
Como bem queria do que lhe tragava

E ria Lia como quem urrava,
O que suportava, o que lhe doía
Como quem amava Lia não vivia
Lia só morria como quem vagava
George Arribas

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Coisas talvez...



Coisas que eu nunca fiz, nunca vi, nunca fui,
coisas que nunca entendi e fugi como um raio de luz...
Corro o meu tempo de frente pra trás,
satisfaz muito mais.

Muito mais que as insanas frações animais
que atrofiam na falta de ar, de lugar,
ou de talvez muito gás...
Ouço talvez tão iguais, ouço talvez...

Coisas que nunca vivi, nem senti em meus passos...
Morrem por falta de espaço em meu peito, a canção!
Essa forma escondida que trago
e embriago a minha solidão...

 Ouço talvez muito mais...
Muito mais além que um talvez sempre traz,
num aceno de paz.

Vejo talvez tão iguais, vejo talvez muito mais!
 
George Arribas

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quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Minha Rua


Uma rosa um jardim - a rua minha...
Tão bobinha aquela lua que eu olhava...
Pousada no céu uma estrela nua me seguia,
era como se a rua que eu queria,
só existia, na magia que pairava...

 Por tantas ruas deixei meus passos e olhei o mundo,
e muitos rumos marcaram fundo o meu coração...
Por onde andei, nem mesmo sei porque sentia,
tanta alegria, tanta tristeza, tanta emoção...

Por todo o tempo essa lembrança que é só minha,
e é tão sozinha essa saudade de menino,
que então inclino e peço a vida que cultive,
a poesia a minha rua - que eu não tive!

George Arribas

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Luna Mea


Acorda Mundo e tira o fundo dessa tina
Que a coisa fina não termina de lotar
Revira tudo na ponteira vira - avia!
Credo-cruz a noite é fria e cisma agasalhar

Lua do tempo lembra a cantoria
A simpatia que eu vi pratear
A rua tonta na manhã do dia
O 'fuá' da ventania que ia me buscar
Bem lá...

A corda imunda feia funda dessa sina
Parece que é jogatina não termina de afogar
Ponteia muda e na primeira tira atira
Credo-cruz isso é mentira que não tem lugar

Rua do tempo lembra a melodia
A simpatia na beira do mar
A lua tonta no clarão do dia
Revelando a profecia que ia me levar
Bem lá...

George Arribas

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Último Ato



Voa o último pássaro de uma madrugada serena...
Voa num último suspiro de manhã,
cheia de sol, cheia de só - cheia!

Leva o último traço de uma poesia estéril,
filha do espaço e do acaso,
com a bela mulher de quintal...

Palco de minha infância, madrugada toda plena!
És cada dia a última cena,
a última pena, meu último mal!

George Arribas

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domingo, 4 de janeiro de 2009

Voar

Voar...
Eu quero o mesmo céu
Eu quero o mesmo espaço
O mágico compasso,
dos pássaros mutantes coloridos

Que buscam a todo instante
Procuram em cada via
Um habitante impávido,
nos pálidos amantes entorpecidos

Voar...
Eu quero ir embora
Eu quero sem demora
Meu mágico compasso,
o espaço, o meu mundo permitido!
George Arribas
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sábado, 3 de janeiro de 2009

Relógio Novo


Perfuma os ventos das horas
Soprando tempo no tempo
Esconde as horas das horas
Levando-as todas aos ventos

Assim, silenciosamente...

Dá-me tempo, tempo de novo
Dá-me de novo tempo num tempo novo!
Mansamente...
Um novo tempo - relógio novo
George Arribas
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Anonimus

Ceminha

Ceminha - o tempo te levou embora
Como capricho, um lamentar medonho
Restando a mim apenas imaginar que agora
O que era triste foste fazer risonho

É tão estranho te compor ausente
Fazer de conta que não estás diante.
Tua alegria é viva, forte e tão presente,
Indiferente a quem já está distante

Vê que nesse instante, por absurda sorte
Restou-me ainda uma poesia rouca
Pra te saudar na paz, no véu da morte
Viver enfim, tua saudade louca!
George Arribas
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sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Espelho

Às vezes fito minha imagem no espelho
e sinto como divagar,
vagando mais profundo...

Respiro o ar
que me respira sorrateiro.
Esqueço o dia - conselheiro,
esqueço o mundo.
George Arribas

Sophia

Corpus nus, tanta luz
Aconteceu o sonho meu um dia

Que traduz, entre azuis dos dias meus,
todos tão teus, diria...

Que a tristeza, sozinha sem espaço
Pergunta o que faço pra ser infeliz?
Se a princesa dos fios dourados,
tem sonhos encantadose me faz tão feliz !

Vem conduz, toda luz
dos dias teus nos dias meus
Sophia !
George Arribas
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André

A luz de Deus foi que te fez chegar assim...
Um amor sem fim, dentro de mim te recebeu

Chegando lento, sereno
o mais lindo querubim,
chegou você no amanhecer - o meu Dindin!
George Arribas
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Mafalda

Ó linda flor do Tejo,
que me cobre a alma em forma de desejos

Me invade essa forma tua
que acalenta ruas desse Portugal

Me traz ou então me leva aos montes
aos fados, aos rios, as fontes
para te entregar o meu canto

Esse meu canto, ó linda 'cachopinha'
que é um nunca mais que avança...

E só pra te encontrar descansa,
à sombra de tua poesia
George Arribas
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quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Tua Cor

Ah morena que inspira
O coração desse poeta
És morena e quando inquieta
Toda dor já se retira

Talvez todo grão de areia
Pelas praias desconfia...
Que mar já te anseia, que o céu já te copia
e que o sol é a menina de teus olhos
que me ateia!
George Arribas

Fingindo


Não sei se o que imagino
é longe ou perto do que sinto.
Sei que sempre minto,
nos labirintos do que sou.

As emoções, as fantasias de meu peito,
carregam feitos, entre os desfeitos das ilusões.
E por destino, serei tudo o que me atiras,
serei menino das mentiras e das paixões...
George Arribas
 
 

Valsando para Sissi

Hoje minha saudade te procura
Canta a valsa tua que cantei
Canta que juntei minha alma a tua
Conta àquela lua que te amei

Hoje uma saudade desespera
Espera a primavera que esperei
Busca o que busquei - tua ternura
Jura pelo amor que eu te entreguei

Hoje essa saudade se avizinha
Pela rua minha onde eu te vi
Canta nas manhãs já tão escuras
Valsa de um adeus, de um amor Sissi
George Arribas

Folhas de Outono


Sou como folhas de outono
que voam na força do vento,
triste, sem cor, só presságio
na simples paisagem do tempo.

Sou toda dor que começa,
a dor que sempre duvida
Sou como se fosse sem pressa,
a vida e a ilusão já vivida

Sou como o passar das horas,
Vôo e paro. Passo e fico.
Sou nítida estação de silêncio,
folhas de um outono infinito.
George Arribas