domingo, 26 de abril de 2009

Nunca Mais

Percorrendo ares, artimanhas e loucuras
Navegando valas nas manhãs das criaturas
Perseguindo sombras se atirando nas correntes
Reclamando falsas frias armadilhas de um presente
Os clarões, os dons, os sons das aventuras
Separando aguilhões nos tons das amarguras
Desistindo ávido, açoitando a dor somente
Resistindo ao tempo, insistindo um tempo mais demente

Ventos...
Outros não servem mais
Ventos de nunca mais
ventos de tanta cor

Tempo...
Outros serão de paz
Tempo querendo mais
tempo, canção e amor
George Arribas
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quinta-feira, 9 de abril de 2009

Breve Poema Triste


Eu me escondi num breve poema triste
Que queria ser belo como o do Quitana
Mas era cinza demais - era só drama
Choupana de tristeza, dor e pena

Das incertas esperanças veio o medo
Crescente em breves cartas revirando
Como um barco à correnteza que adernando
Entre inúteis fortalezas de um bêbado...

Eu me escondi num triste poema breve
Guardando corpo e alma no armário
Cerzindo alegria ao vestuário
E horas de vazio a mão que escreve
George Arribas
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segunda-feira, 6 de abril de 2009

Inútil Passagem


Hoje ela mora simplesmente
Na sombra do tempo do desejo
E não poderia jamais ser diferente
Pois o brilho de seus olhos ainda vejo
George Arribas

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Reticente Mente

A arte insólita, a solidão latente
pungentemente o coração devora

Devora, mata, fere ardentemente
e friamente finge pelo mundo afora...
Como se outrora vivesse impunemente,
inconsequente vai a Deus e chora...

E cora a rubra face já estreita
pela penumbra oculta a parte mais inóspita...
Como se outrora fosse mais perfeita,
em contrafeita volta a Deus e implora!
George Arribas
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terça-feira, 31 de março de 2009

Graça Plena

Teu povo perseguido...
Tu abriste o mar
E a terra prometida em paz pode alcançar
Senhor!
Em minha vida Tu fizeste assim
Senti em meus desertos Tua mão em mim

As tempestades e aos ventos,
Tu fizeste ouvir
A tua majestade e o poder que há em ti
Senhor !
Em minha vida Tu fizeste assim...
Ouvi a voz do Teu amor chamar por mim

Senhor!
Tua graça é plena
Senhor!
Tua graça é plena

Sinais e maravilhas sempre deixarás
Deus meu e Rei dos Reis eu sei que voltarás.
Em minha escuridão deixaste a Tua luz
E em meu lugar Senhor, Te ofereceste à cruz

Senhor!
Tu és o mesmo nunca mudarás
Os corações humildes Tu exaltarás
Senhor de minha vida eu Te quero sim
Andar por Teus caminhos Jesus, até o fim
George Arribas

segunda-feira, 30 de março de 2009

Facetas

No dia em que me viste lançaste tuas melenas
Na noite desfiaram minhas visões morenas
De dia me iludiste com vozes tão amenas
De dia tu me enganas - De noite tu me acenas

De dia só vestígio de mágoas que tu encenas
Marcando teus prodígios com lágrimas pequenas
E digo que tu miras desilusões apenas
De dia tu te esganas - De noite me condenas

De dia tu agastas
De noite tu contendas
As noites viram dias os dias mil arenas
Ainda me perguntas se avulto as tuas prendas
De dia tu te inflamas - De noite tu não lembras

Um dia enternecido mesmo que às duras penas
Levantarei meus gritos na intenção que aprendas
Que um dia teus fetiches mancharam minhas agendas
Que partas tu de dia e nunca mais que venhas...
George Arribas
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quinta-feira, 26 de março de 2009

Menino do Lixo



Embalado nos braços do abandono

A cada estrela que vi eu perguntei

O meu rumo, meu destino, meu engano

O meu pecado, minha vida – onde eu errei?


E jogado aos cantos porcos, maus e imundos

Pela luz da indiferença me guiei

No lodaçal, os meus sonhos mais fecundos

e nas sarjetas da vida eu me criei.


Endurecidos corações, tamanho é o preço

que permaneço à pagar vivendo assim.

Nos açoites do mundo o meu começo,

que mais então deverá chamar-se fim?

George Arribas

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quarta-feira, 25 de março de 2009

Lembrai-vos...

Lembrai-vos, ó meu senhores!

Dos cálices, dos álibis, das cores...

Dos cálidos entornados em vis licores

Das flores...

Dos segundos...

Dos primeiros...


Lembrai-vos, ó meu senhores!

Dos fortes crepúsculos dos amores

Dos fracos...

Dos rastros...

Dos rumores...

Das sombras e das luzes que se apagam...


Lembrai-vos, ó meu senhores!

George Arribas

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segunda-feira, 23 de março de 2009

Modinha

Moda que avista a poeira
Avisa a primeira manhã do lugar
Moda que alisa fagueira
A dor que incendeia a fogueira que há

Moda, cantiga, fogueia
E acende a candeia do tempo de lá
Moda, modinha, trincheira...
A vida é ligeira - não dá pra esperar
George Arribas
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sexta-feira, 20 de março de 2009

Anômalo

Quando estarrecido sobre o leito...
Lembro e descubro o vulto impetuoso de meu tempo
No mesmo instante entre os meu dedos
Vem num gesto afoito o grito do sussurro
E nos meus nervos a dor que abriga todo o escuro

Quando estarrecido sobre o leito...
Recordo o verso meu anômalo
Procuro formas que se façam mais despidas
E levo mais perto ao leito as horas idas
Como vestígio desse meu malogro
George Arribas
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segunda-feira, 16 de março de 2009

Oceanos...

Foi um velho sonhador que apareceu um dia...
Pousado sobre a areia que o mar entardecia
Mirava o seu olhar além do que havia
Corria em sua veia o amor - que o amor desconhecia

Beijava um beija-flor e a flor que mais queria
Indiferente a tudo que a saudade lhe sorvia
Cobria de eternidade a verdade que partia
E sorria para uma estrela quando a noite se movia

Foi um velho sonhador que um oceano ardia...
Pousado eternamente no olhar que mais sorria
Desconhecia a cor que a noite conhecia
Que não sabia a dor da dor que não sabia

Foi um velho sonhador um dia...
George Arrbas
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quarta-feira, 11 de março de 2009

Última Página


Último dia
Último canto
Última hora

Último fato
Último ato
Última cor

Último manto
Último pranto
Última forma

Última cena
Último tema
Última página!

George Arribas
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segunda-feira, 9 de março de 2009

Pedaços...

Quando o presente - um dia já distante...
Quero o futuro
A eternidade simplesmente...

Quero com poesias deixar minha semente
E que ele brote encantando o mundo
Assim nos dias não estarei ausente

Quando um dia surgir à minha frente
Me tomando pela mão a morte...

Peço apenas que não deixes ter chegado o fim.

Lembrando um verso...
Serei mil versos
No universo de cada pedaço de mim
George Arribas
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quarta-feira, 4 de março de 2009

Teus Sinais

Melhor assim que eu não te veja
Melhor que eu não te veja nunca mais
Que eu não te veja nos caminhos que despejas
Todos meus sonhos sozinhos - nada mais...

Melhor assim e que assim seja
Porque fareja em mim todos os teus ais
Como um sem fim é ruim pra mim que tu estejas
Por perto abrindo caminhos sempre iguais

Melhor que o fim pra mim é que tu sejas
Até o fim e apenas só meus irreais
Melhor pra mim assim que o fim não vejas
Que esqueci em mim os teus sinais
George Arribas
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segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Segredo


Até tentei esconder o teu poema...
Te esconder no peito e tive medo
de te guardar pra sempre em meu segredo,
tudo é sem cor se o teu amor não mais me acena.

Até tentei trair o teu poema...
Fazer do adeus um riso louco de partida
fingir a dor - fingindo assim própria vida
que não queria a tristeza como cena.

Até tentei mentir o teu poema...
Te escondendo pelos meus becos e saídas
te revolvendo entre chegadas e partidas
em meus segredos, minha dor e meu dilema

Até tentei fugir do teu poema...
George Arribas
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domingo, 15 de fevereiro de 2009

Lacrima Tua

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E uma lágrima caía do teu rosto
Desenhando a contragosto o rosto meu
Confundia o teu palco de desgosto
Escrevendo como oposto o que sofreu
Uma lágrima te corria e te mostrava
Na vitrine da agonia e da tristeza
Pressentia fria a cor da natureza
De tua imagem distante que restava
Como página caída e desbotada
Se perdendo pela dor do que viveu
Eu te escondi numa lágrima sangrada
Uma lágrima que traiu o rosto meu

George Arribas
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domingo, 8 de fevereiro de 2009

Espelho Teu

A tua culpa é a desculpa trépida
Em tua alma escura
Escuta o som na fenda que abre em ti
Uma trincheira nua

É tão intensa a tua imensa culpa
Um sem desculpa preferindo o nada
Fazendo o nada e a mocidade finda
Tão cedo ainda mortificando o mundo
Redondamente impávido, exageradamente imundo

Resgata o tempo que já te receia
No fim do tudo no tudo que te enfeia
Resgata os teus no Deus que não te odeia
Pois fosses tu e não fosse eu
Quem te escrevi pra mim - espelho teu
George Arribas
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terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Teu Retrato

Fosse a rosa capaz de teu perfume
Tivesse o lume do mundo o teu olhar
Pudesse a vida dencansar sobre o teu cume
Soubesse o sonho em teu sonho, o que é sonhar...

Fosse a beleza perguntar porque és mais bela
Fosse o encanto o teu encanto procurar
Encontraria a poesia mais singela
A que ensina ao próprio amor, o que é amar...
George Arribas

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quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Caminhos



É a pedra primeira
É o riso que chora
É o conto verdade
em tristezas manhãs...

É o cativo solene de saudar madrugadas
No repente e asneiras
da morena saudade...

É a rima dos versos
é a farsa sem farsa
Na moda que encontra a cor mais faceira

É a voz derradeira que atrai como imã
travestida de medo
que invade e domina

É o tudo nos fatos
são os dias nos dias
fatias dos nadas das horas vazias
Como véu dos disfarces manchado de pó
Nas poeiras primeiras dos caminhos de um só...
George Arribas

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Mosaicos de Mim


Não sabia a minha alma os desviares
De uma lágrima molhada de desejo
De um beijo se despindo nos altares
De um brilho de paixão que tanto ensejo

Confusos quadros na memória vejo
Entrelaçando cada elo do destino
Como se fossem mosaicos de mim mesmo
Em permanentes miragens e desatinos...

Teu rosto invade os desenhos que protejo
Mas no peito acordam todos repentinos
Descortinando imagens que pelejo
Entre paredes e sonhos clandestinos...
George Arribas
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segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Juliana

Vem de ti e não de mim o verso que incendeia
Essa minha parte inquieta de ternua nua
Quem sabe a rua já não chora quando estás adiante
Já que a lua faz-se de cheia
Só pra namorar tua cor morena

E o próprio Deus te desenhou à leve pena...
Fez de teu nome a rima rica de quem ama
E fez nascer
A linda 'flor de Juliana'
Que desabrocha o eterno aroma do amor
George Arribas
(Reticências - 2004)
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domingo, 25 de janeiro de 2009

Caminhada

Caminhada de meu canto perturbado
Onde que dobras?
Onde que vais mais alinhada?
Dá-me ao menos uma idéia que a aventurança
Pois mais te perco
Quanto mais o tempo avança...

Desguarnecido já nem vejo o que desfecho
E o que espicho de tão mocho
Eu já não acho
És como os pássaros no meu canto caminhada
Cega-me o lume
Quando vais na revoada
George Arribas

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terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Mira

Mira a flor - é tanta paz
E tanto mais para dizer
O amor demais

Mira a dor e aponta o cais
Remonta audaz recolhe as velas
Vai dizer ...

Mira a dor é poeira
É marca rasteira
É vento arpoador

Mira a flor na ribeira
Marcando fronteira
Correndo o meu amor

Não diga que eu não me perdi
Não diga que me viu chorar
Não liga se eu já me esqueci
Não liga !

Não diga que não percebi
O dia que não quis chegar
Não liga seu eu não te segui
Não liga !
George Arribas
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Pulsação

Só em meu canto permaneço e abuso
Entre teu vulto, mais um gole de tristeza...
E embriago nesse sabor leve e confuso
a fantasia, a calma, a alma, o corpo - tudo !

E tudo é paz
Tudo é fim nesse meu palco
Onde enceno a cada hora
A cada tempo um novo ato

Esse é meu canto
Que abraça o mundo
Entre a forma de teu vulto
Como se fosse irreal a despedida!
George Arribas
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quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

O Tempo que Fosse

Esquadrinhasse o ralo que a tudo engole
Pervertendo o inverso que a vontade tira
Fincasse o impetuoso como ilustre e insole
Fitando impiedoso a incontrolável ira

E no açoite altivo ao que tudo arrasta
Empalecesse a luz da natureza que aduzira
Posto insensível ao palco que devasta
Madrasta mão que a razão subtraíra

Restasse forte ainda o gosto que não gasta
E revidasse a crua face que não vira
Ferira o corte com um basta que não basta
Com afoito grito que jamais se ouvira

Seguisse adiante a tenebrosa escarcha
Acovardando o que airosamente convalida
Sangrasse nua sua absurda marcha
Murchando surda, vaga, rouca e entorpecida
George Arribas
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quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Último Aceno


Misterioso encenar gigante
Alegre, triste e muito abstratamente
O cristalino como um garboso infante
Cristalizando imagens de um eternamente

E a mente incita, doce e amargamente
Sinais gestantes à parir destinos
Dançando danças como dançarinos
Lembranças minhas multiplicando acenos

Acenos vagos, insólitos, repentinos
Como varrendo minha alma afoitamente
Comoventes voam todos peregrinos
Com euforia e com letais venenos

Um turbilhão de acenos que se agita
Em movimentos quase semicirculares
Como avatares de chegadas e partidas
De mãos amigas - preciosas, singulares.

Nesses altares que o meu tempo paralisa
Faz o flagrante traduzir o nunca mais
Imagens que o mistério esteriliza
Onde os acenos se traduzem em muito mais

George Arribas